sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O 25 DE NOVEMBRO GEROU O ACTUAL REGIME







1 - Passou hoje mais um aniversário do golpe militar do 25 de Novembro.


Curiosamente, os seus mentores e promotores, que, normalmente, deitam palavra pela ocasião estão calados e procuram atirar, rapidamente, a data para "debaixo do tapete".


A distância, hoje, é grande, e, o esquecimento procura silenciar a gravidade do que sucedeu na sociedade portuguesa de então.

Um grupo numeroso de oficiais, que se encobriu sob o manto diáfano da democracia, e se intitulou "grupo dos nove", efectuou, em conjunto com as direcções políticas do PS, PSD e CDS, e uma "neutralidade" activa da liderança cunhalista, a 25 de Novembro de 1975, um golpe de Estado para "endireitar" o que eles consideravam ser o seu objectivo do 25 de Abril, trucidado pelas lutas populares.


Na prática, jugularam pela via militar a movimentação popular que se desenrolava no país entre 1974/75, que extravasava os limites impostos pelas coligações governamentais e arranjos realizados sob a chancela do MFA (Movimento das Forças Armadas), movimentações e rebeliões que forçaram as nacionalizações da banca e dos grandes centros produtivos, impuseram uma nova orientação no interior dos quartéis. E, no limite, se aproximava de uma Revolução, que estava a desmembrar, ainda que incipientemente, a estrutura capitalista que se mantinha no país.


Com este golpe, foi iniciado um regime político, assente na primazia da economia de mercado, retomando a privatização da banca e dos principais grupos produtivos, remilitarizando as Forças Armadas, no modelo do regime anterior.


Desse golpe, constituiu-se o actual regime político.


2 - A efervescência revolucionária, que germinou no pós-25 de Abril, sucumbiu, com certo pacifismo, em 25 de Novembro de 1975, devido precisamente ao papel desempenhado por partidos que se afirmavam defensores do socialismo e neutralizaram, por um lado, pela força que mantinham em certos sectores das classes trabalhadores, por outro, pela inexistência de um partido revolucionário, que materializasse um projecto de transformação radical da sociedade.


Todavia, o que realmente foi destroçado com esse golpe não foi, propriamente, a Revolução.


O que foram destroçados foram as ilusões, as ideias, os programas desfasados do conjunto da sociedade portuguesa.


Em primeiro lugar, os projectos de uma sociedade socialista constituída com uma amálgama de alianças de classes ("maioria de esquerda", "unidades de todos os portugueses honrados"), classes essas que, em determinada altura, afirmavam defender a sociedade socialista, mas, na prática, promoviam uma contra-revolução.


Em segundo lugar, a constatação de que não existia uma "vanguarda" revolucionária capaz de conduzir o povo à sua libertação. Na realidade, as relações sociais, apesar da grande tensão política que existiu na altura - chegava a falar-se em perspectiva de guerra civil, não se tinham agudizado em grau de suficiência que colocasse as classes antagónicas em contradição insanável.













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