domingo, 6 de novembro de 2011

COM DESEMPREGO, A EMIGRAÇÃO A TODO CUSTO, DIZIA SALAZAR




«Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras», esta frase poderia ter sido retirada de um discurso bafiento de qualquer político salazarista ou do próprio António Salazar, o Presidente do Conselho de Ministros do "Estado Novo" nos anos 40, quando o regime discutiu, à porta fechada, a política de emigração.

E discutia-a, precisamente, porque a população desempregada crescia no país e ameaçava a própria ordem interna, com convulsões sociais.

Mas, não, a palavra não é de um político salazarista, mas de um membro do actual governo, justamente, o Secretário da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre.

«Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras», disse o governante, que falava, há uma semana, para uma plateia de representantes da comunidade portuguesa em São Paulo e jovens luso-brasileiros, citado pela Lusa.

Em 1940, António Salazar mandou organizar o chamado Congresso do Mundo Português (quem quiser consultar o tema está na Biblioteca Nacional, tem 19 volumes).

Um dos tema abordados para um grupo restrito foi, precisamente, a política de emigração. Havia desemprego e certas zonas do país começavam a ficar desertas, com o processo de industrialização que se iniciava.

Os próceres do regime estavam preocupados com as "revoluções" que poderiam surgir.

Homens, como Armindo Monteiro, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, mostrava apologista de uma "emigração maciça" para o Brasil. Um banqueiro, como Fernando Emídio da Silva, afinava pelo mesmo diapasão e colocava ainda a hipótese de mandar uns quantos para o planalto central de Angola, então uma colónia despovoada de "brancos".

Oliveira Salazar, também entrou na discussão. Havia uma política oficial de "colonização interna", que se mostrou uma fracasso. Argumentava o ditador: "Mesmo que supussessemos o aproveitamento integral das terras irrigáveis e baixássemos para um hectare o lote a distribuir por família, teríamos conseguido estabelecer 150.000 famílias, e, a 4 ou 5 pessoas por família, 600 a 700 mil indivíduos. Ficaríamos longe da absorção total".

E continuava a sua argumentação: não é seguro que se conseguisse travar os problemas que estavam para vir.

Então preconizava abertamente: "O caminho" é a emigração, seja qual for o país escolhido ou a escolher.

Como os capitalistas retornam aos seus "princípios" quando a crise começa a apertar.!!!


Os democratas parlamentares tornam-se num ápice adeptos ferrenhos da ditadura.

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