quarta-feira, 23 de março de 2011

CRISE PORTUGUESA: QUE PROGRAMA DE RUPTURA?




A crise política portuguesa, forçada e organizada com a demissão do primeiro-ministro do PS José Sócrates, abriu uma porta de clarificação.

Pode vir a transformar-se numa hetacombe para o capitalismo financeiro, que, apesar de ver satisfeitas as suas revindicações, exigia sempre mais, com a evolução da dívida pública, que apenas interessava directamente aos grupos políticos e económicos que gravitavam e gravitam à volta de quem governa e quem dirige a política de Estado.

Mas também se pode transformar num reforço, ainda que momentàneo é certo, mas não deixa de o ser, na realidade, da dominação do capital financeiro, que se alberga, neste momento, na tutela do actual Chefe de Estado, Cavaco Silva, e deseja um governo que lhe seja mais fiel, dirigido por esse "empregado" do BES, que é Pedro Passos Coelho.


O capital financeiro português- mas também internacional - rejubilará se houver uma vitória clara do PSD (e também do CDS) nas próximas eleições legislativas ( ou então de uma vitória tangencial de Sócrates, que obrigue a um governo abrangente do capitalismo que governa realmente o país).

O que se pretende instituir na Europa capitalista liberal (UE) - e Portuagl será uma lebre no processo - é a estruturação de um poder de Estado de uma República aparentemente democrática, que siga o modelo norte-americano,de constituição rotativista de uma governçaõ, orientada por dois partidos que se revezam no poder, fazendo da política uma "bolsa sacadora" para o negócio mais especulativo e marginal de ganhos sem olhar a meios, repartindo o "bolo" quer nas empresas estatais, quer nos poderes legislativos e executivos, desde o sistema bancário até ao município mais banal.

Ora, essa porta de clarificação, que se iniciou com a moção de censura do Bloco de Esquerda (BE), pode não vir a servir de nada, se debaixo de uma crise política e económica de envergadura, não se produzir uma mudança de relações de forças, que cause mossa à mediocridade criada pela burguesia rotativa desde há 25 anos.


Exige, pois, também uma clarificação ideológica entre os que se dizem anticapitalistas, que para o serem realmente tem de apresentar um programa que o seja, que demarque a queda pacífica do arrogante José Sócrates, com uma alternativa que ponha em marcha os princípios de um processo revolucionário, não só nas relações de forças partidárias, mas também na destruição de uma máquina de Estado que tem recebido apenas o incremento do Capital.


Se tal pretensão não for alcançada, haverá uma derrota, e os representantes do Capital financeiro especulativo serão atirados, com mais supremacia, como heróis, para o topo da organização e dominação do Estado.


A responsabilidade está, pois, nas mãos dos que se dizem anticapitalistas.




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