sábado, 19 de março de 2011

PÀSCOA CRISTÂ: UMA HISTÓRIA SEM CONSISTÊNCIA HISTÓRICA COEVA






A religião cristã está quase a comemorar a época da Páscoa, uma tradição mitológica, que, também, é venerada pelos judeus.

O cristianismo ligou esta interpretação à eventual morte da personalidade que lhe veio a servir de mentor, Jesus Cristo, que, segundo a tradição, que hoje prevalece nos documentos creditados pela Igreja Católica romana, teria ocorrido na semana da Páscoa judaica, semana esta que se celebra na Primavera, sem data precisa - uma variação estabelecida, grosso modo, entre 25 de Março e o 6 de Abril.

Não existe documentação coeva que prove quer a existência de Jesus Cristo, quer quaisquer dados da sua vida, ainda que indirectos, nem sequer de uma eventual crucificação colectiva efectuada em Jerusalém sob as ordens de Pôncio Pilatos.

Muitas dezenas de anos depois da sua provável existência, cerca do ano 100, aparecem livros, cartas e outros escritos muito diversificados, que falam dele, já com uma doutrina estabelecida, mas sob várias formas e conteúdos, por vezes contraditórios, com ressonâncias míticas e obscuras.


(O primeiro documento romano que fala da existência de cristãos é de Plínio, o Moço, do tempo do tempo do Imperador Trajano (já no século II), que sendo governador da Bitínia (Ásia Menor), escreve àquele relatando os rituais de uma nova - para ele - seita religiosa, já estruturada, que não compreendia).

A Igreja Católica Romana Ocidental, quando se tornou religião de Estado do Império Romano, sob Constantino, (século IV DC) limitou os os textos oficiais a um punhado, que chamou Evangelhos canónicos, que ficaram conhecidos pelos nomes de Mateus, Marcos, Lucas e João.

São estes, pois, para a tradição cristã sancionada pela Igreja de Roma, que confirmam e são apresentados como documentos de chancela oficial.


Todavia, mesmo os relatos oficiais cristãos, não assinalam com precisão a idade de Jesus Cristo na sua morte. Uns sustentam que ele teria 30 anos, outros 33.
Por outro, outros Evangelhos, que não são tidos como canónicos, mas provêem das mesmas épocas, chegam a afirmar que ele teria morrido com perto de 50 anos. Por exemplo o Apocalipse de S.João assinala a determinado passo que Jesus Cristo "ainda não tem cinquenta anos". Alguns dos apologistas dirigentes do cristianismo primitivo como Irineu, que escreve no II século DC, sustenta que a pregação de Cristo teria continuado até aos seus 50 anos.

Depois da descoberta e do estudo dos chamados Manuscritos do Mar Morto, encontrados num gruta do deserto na região de Qumran, verifica-se uma similitude extraordinária entre as descrições e pensamentos daqueles e os dos Evangelhos do cristianismo, o que leva a apontar que, com uma maior investigação e aprofundamento de novas pesquisas arqueológicas, se possa situar os primeiros passos do que veio a ser o cristinianismo, como estrutura religiosa posterior, possa ser uma seita muito incipiente constituida cerca de um século antes da data que, actualmente, a Igreja Católica fixou para a morte de Jesus Cristo.



Na realidade, verifica-se nos Evangelhos canónicos uma muito obscura descrição sobre a vida de Jesus Cristo e a sua própria família e o modo desprezivo como aquele a ela se refere, bem como à própria aceitação da sua figura e doutrina.

O pai de Jesus Cristo, José, é uma figura apagada, que cujas raizes anteriores são apresentadas contraditoriamente nos Evangelhos. A mãe de Cristo, Maria, Mariam ou Miriam, está, em grande medida, afastada dos mesmos Evangelhos ( surge no nascimento e depois apenas reaparece no momento da sua morte, e curiosamente, com uma personalidade semi-marginal chamada Maria Madalena, que um dos Evangelhos não canónicos, mas da mesma época -o de Filipe -, descoberto muito recentemente, a apresenta como "a mulher de Jesus". Este tem várias frases a desprezar a mãe. Em S. Marcos, ele afirma, dirigindo-se seus discípulos, como sendo a sua família: "Eis a minha mãe e os meus irmãos". Também em S.Marcos, assinala-se que "os seus" familiares o tentam fazer voltar para a sua terra, sustentando que "estava fora de si".

Finalmente, a crucificação. Uma leitura cuidada dos Evangelhos não refere explictamente que Jesus Cristo tinha sido pregado na cruz. Nos Actos dos Apóstolos, escreve-se que Cristo faleceu pendurado na *madeira* ou *lenho".





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