terça-feira, 28 de janeiro de 2014

GUERRA COLONIAL: OPERAÇÕENS ENCOBERTAS (11)







A PROPAGANDA INÚTIL

 
          
Além das operações encobertas, de natureza operacional ou de acção concertada de intromissão directa nos assuntos internos de outros países, a Polícia Política PIDE/DGS e os Comandos Militares das antigas colónias portuguesas, em separado ou em parceria organizada e comveniente realizaram a efeitos acções de propaganda junto das populações que apoiavam os movimentos indepenentistas.

Praticamente, todas as unidades militares, ali destacadas, efectuaram-no no interior dos territórios, mas elas, com os "rótulos" de secretos também se realizaram nas profundezas dos Estados vizinhos.

Poucas ficaram registadas.

Referimos neste conjunto de acções "clandestinas" que temos vindo a publicar um outro tipo de operações de natureza "psicológica", e isto, porque ficaram referenciadas com pormenor em relatório da PIDE/DGS.

Este inventário, agora descrito, efectuado em várias fases, em 1967, na Tanzânia e no Malaui.
         
Referimo-nos à “Operação Alfa”, que teve como alvos as populações refugiadas de Moçambique naqueles países, que as autoridades portuguesas tencionavam aliciar para o regresso à colónia, prometendo-lhe “o paraíso”.
           
Dos documentos arquivados no ANTT, e que nos foram facultados, não se consegue verificar o alcance total da acção. 

Parece que apenas esteve metida na operação a PIDE/DGS, pois os relatórios consultados somente assinalam os movimentos daquela polícia.

(Todavia, também os militares eram obrigados nas suas deambulações pelo mato a deixar nas povoações panfletos inflamatórios da grandeza da Pátria colonial. Por isso, não me admira que esta acção "policial" estivesse em ligação com os militares).






























          




Assim, regista-se que foram distribuídos por pessoas ligadas à polícia política milhares de panfletos no interior da Tanzânia e do Malaui no ano de 1967 (a PIDE refere-se a “disseminação de panfletos”), que mereceram a ocupação, durante meses, de várias subdelegações da corporação policial. 

O alvo, segundo um dos documentos, seriam “populações refugiadas e militantes da FRELIMO”.

O único relatório consultado que analisa os resultados da operação especifica apenas a opinião do posto administrativo de Muembe, que escreve o seguinte: 

“são escassos, para não dizer nulos, os resultados da operação Alfa”.
         
Todavia, um documento, com o rótulo de confidencial, enviado para Lisboa, a partir de Lourenço Marques, já na parte final de 1967, cuja entidade informadora, era o subdirector da delegação moçambicana, considerava que “as operações como a Alfa mostram-se válidas pelos resultados positivos que a sua assiduidade e oportunidade comportam”.
          
O informador não apresentava os dados práticos, mas ressalvava que esses “resultados positivos” só advirão se for cumprida “integralmente tudo quanto se promete para que os apresentados não se sintam logrados, e tanto basta para que a mentalização permanente das autoridades administrativas, no sentido delas não atacarem os argumentos capciosos do IN, possa dar os seus dar os melhores frutos”.
         
Ou seja, o tempo, a lábia, e o dinheiro gasto não serviu para nada, mas para mostrar serviço, a PIDE justificou o seu papel com “resultados positivos” que não passaram do relatório enviado aos superiores.

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