A PROPAGANDA INÚTIL
Além das operações encobertas, de natureza operacional ou de acção concertada de intromissão directa nos assuntos internos de outros países, a Polícia Política PIDE/DGS e os Comandos Militares das antigas colónias portuguesas, em separado ou em parceria organizada e comveniente realizaram a efeitos acções de propaganda junto das populações que apoiavam os movimentos indepenentistas.
Praticamente, todas as unidades militares, ali destacadas, efectuaram-no no interior dos territórios, mas elas, com os "rótulos" de secretos também se realizaram nas profundezas dos Estados vizinhos.
Poucas ficaram registadas.
Referimos neste conjunto de acções "clandestinas" que temos vindo a publicar um outro tipo de operações de natureza "psicológica", e isto, porque ficaram referenciadas com pormenor em relatório da PIDE/DGS.
Este inventário, agora descrito, efectuado em várias fases, em 1967, na Tanzânia e no Malaui.
Referimo-nos à “Operação Alfa”, que
teve como alvos as populações refugiadas de Moçambique naqueles países, que as
autoridades portuguesas tencionavam aliciar para o regresso à colónia,
prometendo-lhe “o paraíso”.
Dos documentos arquivados no ANTT, e
que nos foram facultados, não se consegue verificar o alcance total da acção.
Parece que apenas esteve metida na operação a PIDE/DGS, pois os relatórios consultados somente assinalam os movimentos daquela polícia.
(Todavia, também os militares eram obrigados nas suas deambulações pelo mato a deixar nas povoações panfletos inflamatórios da grandeza da Pátria colonial. Por isso, não me admira que esta acção "policial" estivesse em ligação com os militares).
Parece que apenas esteve metida na operação a PIDE/DGS, pois os relatórios consultados somente assinalam os movimentos daquela polícia.
(Todavia, também os militares eram obrigados nas suas deambulações pelo mato a deixar nas povoações panfletos inflamatórios da grandeza da Pátria colonial. Por isso, não me admira que esta acção "policial" estivesse em ligação com os militares).
Assim, regista-se que foram distribuídos por pessoas ligadas à polícia política milhares de panfletos no interior da Tanzânia e do Malaui no ano de 1967 (a PIDE refere-se a “disseminação de panfletos”), que mereceram a ocupação, durante meses, de várias subdelegações da corporação policial.
O alvo, segundo um dos documentos, seriam “populações refugiadas e militantes da FRELIMO”.
O único relatório consultado que analisa os resultados da operação especifica apenas a opinião do posto administrativo de Muembe, que escreve o seguinte:
“são escassos, para não dizer nulos, os resultados da operação Alfa”.
Todavia, um documento, com o rótulo
de confidencial, enviado para Lisboa, a partir de Lourenço Marques, já na parte
final de 1967, cuja entidade informadora, era o subdirector da delegação
moçambicana, considerava que “as operações como a Alfa mostram-se válidas pelos
resultados positivos que a sua assiduidade e oportunidade comportam”.
O informador não apresentava os
dados práticos, mas ressalvava que esses “resultados positivos” só advirão se
for cumprida “integralmente tudo quanto se promete para que os apresentados não
se sintam logrados, e tanto basta para que a mentalização permanente das
autoridades administrativas, no sentido delas não atacarem os argumentos
capciosos do IN, possa dar os seus dar os melhores frutos”.
Ou seja, o tempo, a lábia, e o
dinheiro gasto não serviu para nada, mas para mostrar serviço, a PIDE
justificou o seu papel com “resultados positivos” que não passaram do relatório
enviado aos superiores.
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