segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

JESUS CRISTO NASCIDO ANTES DA EPOCA DETERMINADA






Cada religião reivindica Cristo, conforme as conveniências







Vai passar mais uma época, considerada no mundo cristão e católico, como do Natal, que as diferentes Igrejas desses ritos impuseram como facto verídico e digno de ser comemorado em todo o globo.



Pertence, na actual cultura religiosa (e não só) ocidental, uma data, sem contestação, em termos de fé, mais: da sua história. Praticamente, há quase dois mil anos, aceita-se, mesmo entre uma grande parte da comunidade de historiadores dos dias de hoje, que existiu uma pessoa que se chamou Jesus Cristo e que nasceu a 25 de Dezembro.





A religião cristã, essa, é um facto histórico incontestável, e a sua História tem perto de dois mil anos.



Todavia, a figura existencial de Jesus Cristo não tem confirmação comprovada por documentos ou textos históricos da época, nem sequer qualquer registo oficial – ou, mesmo oficioso – que nasceu a 25 de Novembro e morreu com 33 anos, no tempo da Páscoa judaica.
Não existem nos anais e relatórios de Roma e dos seus governadores ou enviados da época, nem em qualquer outro documento de outras origens, incluindo judaicas coevas, que se repute de credibilidade que sustentem, sem contestação, a existência de Jesus Cristo, na Palestina, na época dos imperadores Augusto e Tibério.





Há referências documentais antigas, que escrevem sobre Jesus ou Cristo, mais tais textos surgem perto de um século depois da provável existência daquele. E são poucos e imbuídos na fé nascente que se teria formado em torno de uma personalidade nebulosa.





Ou seja, os poucos livros ou textos que se referem a Jesus Cristo – os quatro Evangelhos, Os Actos dos Apóstolos, e as 21 epístolas consideradas como canónicas pela Igreja Católica e o Apocalipse, que os exegetas da religião católica reputam como “históricos”, estão escritos em grego antigo popular – foram encontrados em documentos datados de séculos posteriores ao IV DC – e não em aramaico ou hebraico sacerdotal da época, que eram as línguas faladas na época na Palestina.





(O primeiro documento romano, que descreve a existência de uma comunidade cristã, e que hoje está certificado, deve-se a Plínio, o Jovem, nascido, provavelmente, nos princípios dos anos 60 DC e falecido na Bitínia, hoje Turquia junto ao Mar Negro, cerca de 114 DC, onde foi legado imperial. É, precisamente, na Bitínia que Plínio escreve - *Panegírico a Trajano*, que vivia – muito próximo do ano 100 DC - uma comunidade cristã, que ele descreve, como sendo uma seita, cujos rituais não compreende muito bem: “(os cristãos) têm como hábito reunir-se num dia fixo, antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus”. Todos os outros são de épocas posteriores).





Tal como no escrito de Plínio, os romanos referem-se ao provável fundador da religião cristã apenas como Cristo, e nunca como Jesus. Mesmo os Evangelhos não são uniformes na apresentação do fundador do cristianismo como Jesus Cristo.





No Evangelho de S. Marcos, esse dois nomes conjuntos apenas são escritos no prólogo, e nunca mais aparecem no restante texto. No texto, Marco trata sempre a personagem por Jesus.
Também, nas epístolas de S.Paulo, o normal é o autor assinalar a palavra Cristo.




Nos Actos dos Apóstolos, está assinalado que “os discípulos (de Cristo) receberam, pela primeira vez, o nome de cristãos em Antioquia”, que era na Síria. Ora, tal época já se situava no século II DC. Plínio assinala o facto antes. (Tudo indica aliás que o cristianismo se forjou como doutrina fora da Palestina).




Para os historiadores da religião, em particular aqueles que aprofundaram o tema já na segunda metade do século XIX, existe uma contradição destas duas palavras: Jesus Cristo ser um nome compósito em duas línguas – logo, possivelmente, de épocas diferentes, ou nome criado fora do ambiente da Palestina: Jesus, nome próprio, é uma abreviatura aramaica/hebraica de Jehsoshuá, (Deus Salvador) e um nome comum nos textos da época; Cristo é um termo de origem grega, que teria sido buscado ao hebraico Messias, o ungido ou o rei.





Relativamente, ao Natal – ou seja a época do nascimento de Jesus Cristo, todos são unânimes em dois aspectos: A acreditar no Evangelho de S.Lucas, o único que apresenta uma data aproximada para o seu nascimento, ele escreve que tal sucesso se deu “no tempo de Heródes”. Ora Herodes morreu em 4 AC. Logo, pelo menos temos de fazer recuar o nascimento alguns anos antes do que realmente se estabeleceu, arbitrariamente, mais tarde.





Como nitidamente arbitrário, são o dia, o mês e o ano do nascimento de Jesus Cristo: 25 de Dezembro. Foi um monge ou frade de nome Dionísio, o anão ou pequeno, que no século VI – reinava o imperador Justiniano – fez cálculos retirados da sua cabeça e apontou a data de 753-754 para a criação de Roma, considerando ano I da nova era.





Claro que isto trouxe controvérsia, que ainda perdura hoje na Igreja de rito Oriental.

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