sábado, 19 de junho de 2010

QUAL A RAZÃO PORQUE O PROCURADOR DOS EUA VAI À GUINÉ?





OS EUA mandam o sétimo homem da hierarquia para resolver um problema interno?












O Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau anunciou, hoje, que o seu homólogo norte-americaco, Eric Holder, que na estrutura estatal norte-americana é membro do governo, logo sendo mais um Ministro da Justiça, irá visitar aquele país lusófono, em Setembro, para "ajudar nas investigações do assassínio do ex-presidente ‘Nino’ Vieira".

Amine Saad divulgou esta visita depois de se ter encontrado com uma delegação norte-americana que foi a Bissau preparar a vinda do Procurador americano.

Amine Saad adiantou que o Procurador norte-americano não só virá ajudar a esclarecer as circunstâncias do assassínio do ex-Presidente guineense, João Bernardo ‘Nino’ Vieira, como também nas investigações de outros casos de mortes e tráfico de droga.

“O caderno de encargos que nós oferecemos às autoridades americanos, através desta senhora que é também uma Procuradora da República, foi de nos ajudarem a investigar o processo de tráfico de droga, o processo que tem a ver com a morte do Presidente ‘Nino’ Vieira, com a morte do general Tagmé Na Waié, o processo da tentativa de golpe de Estado atribuído ao doutor Faustino Imbali, mortes de Helder Proença e Baciro Dabó e outros implicados nesse processo”, afirmou Amine Saad.

Ora, esta visita de um alto responsável governamental dos EUA ao país - eu penso que é o mais alto responsável daquele país a realizar uma visita àquele país - traz água no bico.

O Ministro da Justiça dos EUA vai a Bissau "ajudar" nas investigações dos assassinatos de Nino Vieira e Tagmé Na Waié?

Qual o interesse "ao mais alto nivel" de Washington por "um aparente ajuste de contas" internos, como quiseram fazer acreditar na altura, quer o Primeiro-Ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, quer o alto intitulado almirante Zamora Induta, o homem que substituiu, de imediato, o falecido CEMGFA Na Waié?

Quando se dá a morte de Nino Vieira, minutos depois, já o então capitão de fragata Zamora Induta, que era porta-voz do EMGFA, afirmava à Agência France Presse o seguinte: "O Exército matou o presidente Vieira quando ele tentava fugir da casa dele, atacada por um grupo de militares ligados ao comandante do Estado-Maior, Tagme Na Waie".

E acrescentava: "Agora, o país vai avançar. Este homem bloqueava tudo neste pequeno país".

Como sabia Induta, ainda em cima do acontecimento, que eram tropas fiéis a Na Waié, que efectuaram o assassinato?.

Ora, as tropas que entraram na casa de Vieira não eram de Bissau, provieram de Mansoa, quartel onde predominava António Indjai. Levaram tempo a chegar. Alguém estava, pois, a par de tudo.

Zamora Induta referiu, dias depois, que a bomba que matou o CEMGFA poderia ser de origem tailandesa. Mas como poderia determinar essa origem, se os militares guineenses nem material de investigação pericial têm ao seu alcance?

Pela mesma altura, o PRS, o partido de Kumba Ialá, com forte componente étnica balanta na sua composição, referia que um dos indivíduos que colocou a bomba na Fortaleza da Amura era guarda-costas do PM, Carlos Gomes Júnior. Afirmação esta que foi confirmada por fontes judiciais. E foi mesmo divulgado que tal indivíduo teria a patente de coronel.

O antigo Primeiro-Ministro Francisco Fadul, nesses mesmos dias, acusava, publicamente, Induta e Carlos Gomes Júnior, de cumplicidade na morte do general e do Chefe de Estado.

O que é certo é que perante estas declarações e acusações, tanto o PM, como o governo, mantiveram o mais rigoroso silêncio.

Em horas, Induta ascendia a almirante e a CEMGFA interino e António Indjai a vice-CEMGFA.

A 1 de Abril passado, aqueles dois homens desentendem-se, e este desentendimento conduz a uma tentativa de golpe de Estado, em que Indjai e um antigo Chefe do Estado-Maior da Armada José Américo Bubo, foragido há anos, após uma frustado afastamento de Nino Vieira, se coligam para deter Induta e Carlos Gomes Júnior. Este é posto, a contragosto, em liberdade.
Pelas entrelinhas, verifica-se que o CEMGFA e o PM estavam a pretender decapitar a liderança militar efectiva que estava nas mãos do vice-CEMGFA.

Indjai, como CEMGFA efectivo, acusa Induta, ainda, de ter ligações ao tráfico de droga.

Há dias, em Paris, o actual Presidente da República, Malan Bacai Sanhá, que era na altura da morte de Nino e de Waié, Presidente da Assembleia parlamentar guineense, fez afirmações em Paris à revista Jeune Afrique que " a comssião de inquérito (dirigida pelo PGR) apresentará as suas conclujsões premilinares. Tudo o que posso dizer, é que personalidades políticas estão implicados nesses assassinatos".
(Malan faz estas declarações, depois, um encontro que teria tido, também em Paris, com o PM Carlos Gomes Júnior e o Chefe de Estado de Cabo Verde, Pedro Pires).

Como é que Malan conhece estes dados, se a comissão, que teoricamente é independente, ainda não apresentou as conclusões, e mais, estranho, divulga tais factos (enigmáticos) quando se encontra no estrangeiro, ilibando, de certa maneira, os autores (Indjai e Bubo) dos actos ilegais que efectuaram a 01 de Abril?

Há cerca de um mês, o departamento de Justiça dos EUA acusou Indjai e Bubo de estarem ligados ao tráfico de droga, indo ao ponto de afirmar que iria sequestrar todas as contas do segundo, que estivessem depositadas nos EUA.

Será que os assassinatos de Nino e Waié, bem como o tráfico de droga, têm uma mão exterior muito mais comprida do que se pensa?

Ou será que a estratégia dos EUA para África, com a formação do AFRICOM (Comando Militar norte-americano para África) também passa pela Guiné-Bissau?

Há dias, as agências internacionais noticiavam que uma delegação do Comando Americano para a África, AFRICOM, visitou, na segunda e terça-feira passadas, o arquipélago de Cabo Verde.

Durante a sua estada, a referida delegação, chefiada pelo número dois desse organismo, o embaixador Anthony Holmes, manteve contactos e encontros de trabalho com responsáveis cabo-verdianos do sector da Defesa e Segurança.

Ainda há menos de um mês foi inaugurado o Centro de Segurança Marítima, COSMAR, financiado em três milhões de dólares pelo governo americano, através do AFRICOM. Dentro de dias Cabo Verde deverá receber uma nova embarcação para reforçar a sua guarda costeira.

Segundo a ministra cabo-verdiana da Defesa, Cristina Fontes, com quem Anthony Holmes se encontrou, esta visita vem na linha do reforço da cooperação actualmente em curso entre Cabo Verde e os Estados Unidos.

“Trata-se de continuar nesta linha de reforço da cooperação e de parcerias. Tanto nós como os Estados Unidos achamos que a principal ameaça à segurança dos nossos países vem do mar.”
Cristina Fontes, ministra da Defesa de Cabo Verde.

De referir que o Africom, comando americano para África, está sedeado em Estugarda, Alemanha, sendo esta a segunda vez desde a sua criação há cerca de três anos que um alto responsável seu visita Cabo Verde.
Por seu turno, a comandante-adjunta para actividades civis-militares do Comando dos Estados Unidos para África, AFRICOM, Mary Carlin Yates, esteve em Angola, de 4 a 6 de Dezembro, para discutir com as autoridades angolanas novas formas de cooperação




















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