segunda-feira, 26 de julho de 2010

CARTA ABERTA A SALAZAR: UMA DESMONTAGEM ARRASADORA DO CULTO

















Foi reeditado em Fevereiro deste ano, com a chancela da editora "Esfera do caos", um panfleto saído em 1959, da autoria do então capitão Henrique Galvão, que foi um dos indefectíveis do antigo Chefe do Governo Oliveira Salazar e um dos oficiais do Exército promotores do golpe de Estado de 28 de Maio de 1926, que se intitula "Carta Aberta a Salazar".

Galvão, que foi intímo de Salazar, que o tratava por tu, seu apoiante incondicional, de tal modo que o levava a intitular-se "criado de quarto" do antigo homem forte do Estado Novo, entrou em ruptura com o regime a partir de 1947, depois de apresentar na Assembleia Nacional um relatório altamente comprometedor para a política colonial do regime.
A ruptura com Salazar levou-o à prisão "por delito de opinião", tendo-se evadido do Hospital de Santa Maria, onde estava em tratamento hospitalar. Além de oficial do Exército pró-Estado Novo, Galvão dirigiu a Emissora Nacional, foi inspector superior colonial e deputado, convidado pelo próprio Salazar.

A edição de 1959 foi rapidamente apreendida pela PIDE, tendo acontecido o mesmo a duas tentativas de circulação na altura.

Por isso, a reedição actual é oportuna, pois desmonta, ainda que de maneira sucinta, o papel desempenhado pelo salazarismo, sugerido, actualmente, em revisão histórica, como forma de poder conservador, mas altamente evolutivo, baseado num despreendimento de honestidade pessoal.

Iremos, numa próxima ocasião, analisar o texto de um historiador chamado Rui Ramos, que escreve no jornal Expresso na passada semana, na sua revista Atual, com um título "Salazar na História".

Para terminar, inserimos o primeiro parágrafo:
"Pois é verdade, meu caro Manholas Júnior: evadi-me das tuas garras, dos teus ódios incansáveis, da tua Gestapo toda poderosa e dos seus algozes, das tuas mordaças, dos teus juizes e tribunais especiais, dos teus tiranetes enriquecidos e condecorados, dos teus gordos tubarões, dos teus idólatras mercenários, das tuas *notas do dia* e das tuas notas oficiosas, do teu exército de ocupação e respectivos generalecos, das tuas prisões e campos de concentração, do teu mercado de favores, dos teus discursos sem resposta, das tuas mentiras magistrais, da tua corte de vapiros e cretinos, dos teus venais e pederastas. dos teus negreiros, dos teus eufemismos tratufescos, da tua Idade Média - enfim. da tua Oligarquia, da tua Fazenda e do teu Rebanho".

Sem comentários:

Enviar um comentário