domingo, 25 de julho de 2010

CRISE: PORQUE NÃO TAXAR OS NEGÓCIOS DA IGREJA?






O bispo católico auxiliar da diocese eclesiática de Lisboa, Carlos Azevedo, fez um apelo, que pretendeu ser muito caritativo, para que os políticos doem 20 por cento do seu salário para constituir um "fundo social destinado aos pobres", cuja gestão ficaria assegurada pela hierarquia da Igreja Católica, através da sua dependência chamada Caritas.

O apelo do hierarca pode parecer muito "justo" e até "apreciado" neste momento de crise, mas tornar-se-ia mais eficaz e menos cínico e hipocrita se o bispo propusesse que os lucros da Igreja Católica, incluindo os bancários, fossem taxados a 45 por cento a favor do Orçamento de Estado português.


Ou então, fizesse uma declaração pública a propor que o regime especial de favorecimento patrimonial e fiscal que lhe é outorgado pela Concordata assinada com o Estado português, em 2003, acabasse e a Igreja Católica ficasse ao mesmo nível das restantes empresas.

Já agora seria de uma honestidade a toda a prova que Carlos Azeredo divulgasse os valores societários que a Igreja Católica mantem nas empresas portuguesas, nomeadamente no sistema bancário português.

Por exemplo, a Igreja Católica portuguesa recebe, através do IPSS (Instituto Particulares de Solidariedade Social) a maior fatia - mais de 85 por cento - da dotação orçamental do Estado para aquele sector, que, em 2009, ultrapassou os 1,2 mil milhões de euros (repito 1,2 mil milhões de euros).

Tal como na sede central da Igreja Católica, o chamado Estado da Santa Sé, os negócios da fé, são mantidos no segredo. E só se houve falar das "preocupações sociais" da Igreja quando estão em jogo a repartição das benesses do Estado pelos organismos ditos de solidariedade social, que, tão ciosamente, procura controlar e usufruir.

Hoje, é do conhecimento público que o Vaticano (que controla toda a hierarquia católica no mundo, e, naturalmente, a portuguesa) é hoje o maior centro financeiro mundial, onde é a maior holding internacional off-shore, onde se fazem lavagens de dinheiros, transferências ilícitas de capitais, engendram processos altamente sofisticados de corrupção e de compra de beníficios políticos.

E tudo gira à volta do Instituto para as Obras Religiosas (IOR) - um nome discreto não é verdade?

Pois, este instituo nos últimos 30 anos esteve a ser abalado por sucessivos escânalos. Sempre que descobertos, os Papas fizeram "meas culpas", mas viraram de imediato o disco e tocaram o mesmo.

Nos últimos meses, o Instituto para as Obras Religiosas, conhecido popularmente como o Banco do Vaticano, está sendo investigado pela justiça italiana por uma suposta lavagem de dinheiro ilegal, informo há um mês a imprensa italiana.

IOR, que administra as contas de diversas ordens religiosas, assim como de associações católicas, é uma instituição da Igreja Católica que se beneficia da extraterritorialidade, já que se encontra na Cidade do Vaticano e não se rege pelas normas financeiras vigentes na Itália.

O Instituto esteve envolvido em um escândalo político-financeiro nos anos 80, pela quebra, em 1982, do Banco Ambrosiano (do qual o Vaticano era um acionista importante) devido ao peso de uma dívida, nos valores de então, de 3,5 mil milhões de dólares e um rombo fiscal de 1,4 mil milhões de dólares.

Segundo a imprenas, 10 bancos italianos, entre eles os poderosos Intesa San Paolo e Unicredit, todos com ligações ao Papado, estão envolvidos no caso.

Que responde a isto o frei Tomás actual, chamado Manuel Clemente?

Os lucros dos negócios do Vaticano repartidos, com igualdade, acabariam com a fome no Mundo.

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