terça-feira, 27 de julho de 2010

FREEPORT: O RIDÌCULO DE CONSTITUR APENAS ARGUIDOS OS INTERMEDIÁRIOS












sete anos para investigar que o Freeport estava legal?











O primeiro-ministro, José Sócrates, chamou a televisão e fez um discurso espalhafatoso, sustentando que não houve acusação formal contra ele.

Cita-se da imprensa:

«Finalmente, seis anos depois de iniciado o processo a que chamaram caso Freeport, o Ministério Público deu por terminada a investigação», começou por dizer o primeiro-ministro, numa declaração transmitida em directo pelas televisões, a partir de São Bento. Admitindo a sua «satisfação por ver o processo finalmente concluído», José Sócrates sublinhou que os investigadores não encontraram «razão para acusar quem quer que fosse de financiamento ilegal a partidos, corrupção ou tráfico de influência».

«Como sempre disse, a verdade acaba sempre por vir ao de cima», declarou, acrescentando depois que as conclusões do Ministério Público «mostram a enormidade das calúnias e falsidades» que diz terem sido lançadas sobre o seu nome «nos últimos seis anos».

«Não houve quaisquer irregularidades no licenciamento ambiental do empreendimento Freeport», concluiu.


(Se se ler a imprensa, na véspera da inauguração, onde estiveram presentes, em nome da família real inglesa, o principe André e a mulher - convem esclarecer que a casa real inglesa tinha acções na Freeport -, pode constatar-se que a mesma inauguração foi efectuada com uma "autorização provisória", pois o autarca de Alcochete esteve relutante, até à última hora, em dar o seu assentimento à legalidade do empreendimento).

Claro: o que o PM não disse é que, sendo suspeito, as suas contas não foram investigadas...precisamente por ser o chefe do governo.

Na edição de ontem, o Diário de Notícias, titulava: "Contas de Sócrates não foram investigadas".

A evolução da reportagem.

"A investigação a eventuais subornos apenas subiu até um director-geral, Carlos Guerra. Alegadamente, (repare-se o alegadamente), por falta de indícios". (Quem tem a força verdadeira para evitar que tal investigação não se faça. Siga-se a hierarquia. E quem nomeia a hierarquia?).

"Das 165 contas bancárias investigadas no processo Freeport, nenhuma pertence a José Sócrates, que, à altura dos factos, era o ministro do Ambiente que aprovou o outlet de Alcochete". (Pois, esteve sempre entravado e os intermediários para o desentravação eram os agora arguidos. Faziam extorsão sobre quem? Mas eles tinham reuniões com José Sócrates).




Continua o jornal: "Os investigadores circunscreveram na administração pública o alegado esquema de corrupção até ao ex-presidente do Instituto de Conservação da Natureza, Carlos Guerra".

"Dado que as contas bancárias de titulares de cargos políticos nunca foram investigadas - além de José Sócrates, Pedro Silva Pereira e Rui Nobre Gonçalves compunham o elenco governativo do Ministério do Ambiente entre 2001 e 2002 -, tal quererá dizer que a investigação nunca deu credibilidade aos testemunhos e às referências (mas porquê? pergunto eu) a eventuais pagamentos corruptos ao nível do Ministério do Ambiente.

Por outro lado, o facto de - tal como o DN já revelou - as contas bancárias do tio de José Sócrates terem sido alvo de uma perícia financeira, quer dizer que os investigadores suspeitaram de que Júlio Monteiro pudesse ter recebido uma contrapartida monetária por ter feito "a ponte" entre os promotores do Freeport e o seu sobrinho. Entre 2000 e 2004, o tio de José Sócrates depositou, em notas, 366 mil euros nas suas contas bancárias.

A análise das perícias financeiras realizadas pela Polícia Judiciária utilizou como método o dinheiro movimentado nos bancos, comparando-o com as respectivas declarações de IRS feitas às Finanças pelos arguidos. Em matéria de corrupção e pagamentos por tráfico de influências, a PJ não retirou nenhuma conclusão directa. (Mas porquê?).




"Em parte alguma do relatório se faz a ligação entre levantamentos feitos pelos promotores e depósitos posteriores realizados por quem tinha poder de decisão. Os números mostram, porém, uma outra conclusão: uma eventual fuga ao fisco pela generalidade dos arguidos. Mas subsistem dúvidas se os supostos crimes fiscais cometidos estão ou não prescritos".




Não percebo, pois, a alegria de Sócrates. Melhor dizendo, percebo, perfeitamente, como tudo se passou.


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