quinta-feira, 15 de julho de 2010

MAÇONARIA E PODER





















A maçonaria tem como lema a solidariedade, mas a sua participação na cidadania ve-se, essencialmente, nos cargos de poder





A história que eu vou contar fiu.me transmitida, há uns longos dias, por um amigo, que por acaso é magistrado, e pertence a uma das seitas maçónicas existentes em Portugal.

"É verdade, há muita gente que pertence à maçonaria que ocupa lugares importantes no país. Eu posso garantir-te que entrei para a instituição porque acredito na humanidade e nos valores de solidariedade que ela propugna", argumentava ele quando o inquiri sobre a "chusma" de gente vulgar que, ao filiar-se nas ditas, se põem a galopar à custa do povo e da ...humanidade.

Ri-me, com um ar trocista: "Pois, eles acreditam na humanidade, mas é na deles. Rodam sobre si próprios e guindam-se a senhores do poder. Põem e dispõem".

"Não exageres. Há alguns que utilizam isso, mas nem todos", ripostou.

"Pois", disse eu, "se calhar os restantes estão presos".

As "seitas" quer sejam maçonicas, quer sejam religiosas, como o OPUS DEI, os Jesuitas, ou Franciscanos, os Manás, ou Ismaleitas, têm uma marca de existência para "exercerem o poder", usando influências subterrâneas e funestas.

O que é grave é que estão "perfeitamente encravadas" na área do poder, político, económico, jurídico e social.

Vêm isto a propósito de quê.

Simplesmente de uma sentença em que o visado é um maçon chamado Isaltino de Morais.

Há dias, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) reduziu para dois anos a pena de prisão efectiva de Isaltino Morais e anulou a perda de mandato do autarca. Numa decisão que os jornais divulgaram, o TRL aplicou ao presidente da Câmara de Oeiras a pena de dois anos de prisão pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais. O Tribunal reduziu para dois anos pena de prisão de Isaltino Morais

O autarca de Oeiras tinha sido condenado pelo Tribunal de Sintra a sete anos de prisão e a perda de mandato por fraude fiscal, abuso de poder e corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais.

O Tribunal da Relação de Lisboa decidiu agora anular a pena acessória de perda de mandato e invalidou a condenação pelo crime de corrupção passiva, no que respeita aos factos relacionados com o empresário João Algarvio.

Ainda relativamente a estes dois pontos, o TRL determinou reabertura do processo por existirem factos que não deviam ter sido considerados como provados.

O Tribunal decidiu ainda absolver Isaltino Morais do crime de abuso de poder que tinha sido condenado na primeira instância.

Ou Isaltino cometeu os crimes ou não cometeu. Se os cometeu, a redução de pena, parece uma estória mal contada. Ele é um político com grandes responsabilidades no país. Foi ministro, foi magistrado do Ministério Público, é autarca. Cometeu crimes, então há atenuantes porquê?.

Se não cometeu, pura e simplesmente, o Tribunal deveria tê-lo absolvido e não brincar aos julgamentos.

Mas, claro que tudo isto é coincidência.

E porquê?

Li, há dias, uma extensa reportagem saída na revista Sábado, que pretende "mostrar a maçonaria por dentro". E o que é por dentro? "São militantes do PS, do PSD e do CDS; são ministros, diplomatas e elementos dos serviços secretos". E o que fazem estes "irmãos" dedicados à causa pública? Interajudam-se. Fomentam a teia da estrutura sócio-económico-política do país.

Entre outros aspectos, os reporteres da revista, naquele número, desenvolvem a entrada no mundo maçónico de uma das personalidades hoje influentes no país, que, há 35 anos, era um quixotesco militante da extrema-esquerda, de onde saiu quando perdeu as ilusões num outro poder.

" À sua frente, - descrevem os jornalistas - o líder da loja levantou uma espada que atravessava o testamento maçónico que escrevera antes de entrar na loja, numa câmara escura e sombria, com caveiras humanas desenhadas nas paredes.

"Nesse pedaço de papel registara as suas últimas reflexões profanas, que começavam
agora a ser despedaçadas pelas chamas. Jorge Coelho – um dos mais influentes
militantes da história do Partido Socialista estava a entrar num mundo desconhecido da
maior parte dos portugueses: – o universo secreto da maçonaria.

"Antes dele - que chegou ao GOL há pelo menos seis anos, durante o grão mestrado de
Eugénio de Oliveira (1996 / 02) /convém referir que esse antigo grão mestre é um coronel na reforma das Forças Armadas Portuguesa *sublinhando meu*/-, muitas outras figuras influentes da sociedade portuguesa passaram pelo ritual iniciático.

"Entre elas, Almeida Santos (ex-presidente da Assembleia da República), António Vitorino (antigo ministro socialista da Defesa e ex-comissário europeu), João Soares (ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa), João Cravinho (ex-ministro das Obras Públicas e actual administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento), Ricardo Sá Fernandes (advogado e ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais), Maldonado Gonelha (administrador da Caixa Geral de Depósitos e exministro da Saúde), Isaltino Morais (presidente da Câmara Municipal de Oeiras) e António de Sousa Lara (ex-subsecretário de Estado da
Cultura de um governo de Cavaco Silva e professor, que acabou envolvido no escândalo
da Universidade Moderna).

"Esta é uma curta lista entre milhares de nomes, divididos por várias obediências – as mais representativas são o Grande Oriente Lusitano (GOL), liderado pelo ex-deputado socialista António Reis, e a Grande Loja Regular de Portugal (GLRP), dirigida pelo escritor Mário Martin Guia – que se movem em todos os sectores de actividade. É a acção conjunta destes homens, que se reúnem entre as paredes discretas dos templos maçónicos, repletos de símbolos e artefactos, que forma o designado “lóbi maçónico”.

Dizia-me o magistrado do início: "Claro que nos ajudamos. A solidariedade é o nosso lema".

Acredito. E digo mais. Esta solidariedade está acima da justiça, do interesse da comunidade, do interesse nacional.

Recordemos um caso que remonta a 1985. Ficou conhecido como o caso "Dopa".

Foi considerado, então, um dos maiores casos de tráfico de dinheiro e branqueamento de capitais. Foi um processo longo, com múltiplos e arrevesados julgamentos. Tudo envolto em processos judiciais obscuros e surrealistas. Envolvia alguns dos nomes mais importantes da economia, do social e da política. Noventa e nove dos implicados foram pura e simplesmente absolvidos e o crime de tráfico de duvisas acabou...despenalizado.

O caso tem um insólito: provocou, pela primeira vez, no actual regime a demissão de um ministro. Chamava-se Francisco Sousa Tavares, e, representava o PSD, como Ministro da Qualidade de Vida.

Em Fevereiro de 1985, Sousa Tavares demite-se, com a acusação de "ilícitos cambiais". Era primeiro-ministro Mário Soares, que procurou aguentá-lo até à última. Foi a julgamento e absolvido em primeira instância. Todavia, o Ministério Público (MP) considerou existir "gravidade de infracção, ilicitude e dolo" e, em Abril de 1989, Sousa Tavares é condenado a 30 dias de prisão remissíveis a mil escudos diários (cinco euros).

Em Maio, o antigo ministro já está em Macau, ao que dizia "em gozo de férias", mas, na realidade, a trabalhar como cultor jurídico ao servilo do governador do território, Carlos Melancia.

O que tem este caso com o anterior. Nada de muito especial. Apenas que nele aparece envolvido o ministro da Justiça Mário Raposo, e, recordemos, foi seu chefe de gabinete um jovem chamado Isaltino de Morais.

Dizia-se então que a solidariedade maçónica era já intensa.

Sem comentários:

Enviar um comentário