segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

CAVACO SILVA FOI ELEITO POR 25% POR INSCRITOS




















A eleição presidencial do passado dia 23 deu a vitória ao actual Chefe de Estado Cavaco Silva.

Não vale a pena chover no molhado, e afirmar que não existiu essa vitória, porque ela foi real.

Foi um vitória do conservadorismo, e, por muito que clamemos em nome da Constituição mais progressista do mundo, que nasceu em 1976, (A ACTUAL É UMA CARICATURA) os factos dizem-nos que tudo o que o período imediato ao 25 de Abril de 1974 deu como passo de progresso, foi levado ao fracasso, a um doloroso fracasso, é certo.

Os gritos de triunfo que foram lançados após a vitória actual de Cavaco Silva pressagiam uma onda política que os seus apaniguados e acólitos políticos e de negócios pretendem concretizar com o poder ganho: a plena ascensão e a plena liberdade para os arrivistas especuladores financeiros e exploradores desclassificados de riquezas fraudulentas à tripa forra.

De repente, toda a chusma desses detentores reais do Capital se meteram nesse chapéu de chuva com a secreta esperança de que a trela que os amordaçava com possibilidades de prisão e de massacres na imprensa vai acabar. Será verdade?

Por outro lado, uma parte do povo, o povo da ruralidade, da pequena burguesia cobarde, que em período de crise, se enxameia com o secreto desejo de que podem ser salvos, como por milagre, com o aparecimento de um ser aglutinador que os pode livrar dos horrores do Inferno, os dados da votação não mostram, todavia, que a magia desse homem pode ser o barco pneumático que não mete água.

Os resultados são perigosos para os próprios defensores do voto parlamentar, do próprio regime democrático.

Tudo pode acontecer, até pode acabar esse regime, até pode significar que um vulcão está na mira de rebentar, a médio prazo.

Irei, naturalmente, voltar a escalpelizar os dados dos resultados nacionais, regionais e locais da eleição presidencial do passado domingo.

A - A primiera constatação: estavam inscritos 9.629.630 portugueses para votarem. Somente 46,63 por cento foram votantes. E, nestes englobam-se os brancos e os nulos, o que é uma falácia, quer queiramos, quer não.

Ou seja, em termos práticos: abstencionistas, brancos e nulos representaram cerca de 60 por cento dos potenciais inscritos.

Cavaco Silva foi reeleito por cerca de 25 por cento dos portugueses inscritos.

Se somarmos os votos dos votantes nos dois principais partidos que o apoiaram nestas eleições PSD e CDS, (pondo de lado os partidos menos expressivos em votos que o apoiaram) reportando aos dados das legislativas de 2007 (2.257.774), verificamos que a votação em Cavaco Silva foi inferior a este somatório (2.230.240 votos).

Ora, no principal centros industrial do país, a cgamada Grande Lisboa (distrito de Lisboa e Setúbal) baixa significativamente - Lisboa, na ordem dos 21 por cento e Setúbal, 15%.

Ou seja, o voto de protesto não virou "à direita", ficou no limbo da abstenção, dos brancos e nulos.

Significa, na realidade, que a mudança na actual situação política não se deu, essencialmente, porque não houve um programa de ruptura que mobilizasse o protesto através do sufrágio universal.

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